segunda-feira, 8 de novembro de 2010

QUE CIDADE NÓS PERTENCE?


As vias públicas, os espaços da insociabilidade!

Ruas asfaltadas ou de terra, algumas sem buraco, umas tantas com problemas, com esgoto escorrendo a céu aberto; avenidas largas ou não, com canteiros centrais, cheio de árvores, algumas cobertas de grama, bem convidativas para praticar o ócio produtivo, ou jogar aquele futebol de final de semana; praças, as praças! como estão tristes, não são mais o local das pessoas se encontrarem, para jogar papo fora, para as crianças correrem livremente, fazerem algazarras, para ouvir os pássaros. Em seu lugar ergueu – se um local sem dono, onde o poder público relegou seu dever de preservar tais locais. Para que conservar as praças, se as pessoas não mais se sociabilizam nestes espaços?

Os bairros e suas singulares culturas, tensões, conflitos e paixões!

Os bairros das classes médias são verdadeiros túmulos, totalmente reféns da "insanidade" disseminada em parte por causa de uma mídia irresponsável, que propaga a paranóia coletiva, de um mundo sobre os auspícios da barbárie. Casas que mais parecem prisões, monitoradas pelas vigilâncias eletrônicas, câmeras de vídeos, porteiros eletrônicos, sensores, cercadas por fios eletrificados, segurança 24hs, condomínios fechados, seja bem vindos à cultura do medo!

Os bairros populares, assim prefiro chama – los, pois se os classificassem de periféricos, estaria supondo que existiria um centro, que emana um determinado tipo de poder sobre estes. Ah, os bairros populares, alguns criados pelos planos de habitação, com suas casas padronizadas, que seguem na tentativa de tornar o cotidiano de seus moradores monótono e homogêneo. Outros que não seguem uma lógica, onde as casas salpicam, aqui e ali, formando um verdadeiro quebra cabeça social. Nestes bairros como e pulsante as manifestações, as verdadeiras espontaneidades de pertencer à sociedade, mesmo quando o poder público expropria de forma brutal os direitos destas pessoas.

E verdades que moramos em uma mesma cidade, compartilhando de um mesmo espaço, contudo vivenciamos diferentemente nossas experiências no que e o estar em sociedade. Contra a tentativa de homogeneizar nossos olhares, encobrir nossas lutas deve compreender que apesar de tudo que se fala de Araguari ser uma cidade ordeira, temos tensões sociais, embates nos campos do direito de pertencer a este município.
Queremos viver nossas experiências sociais com nossos olhos, com nossos corações, com nossa alma. Não queremos enxergar o mundo através das lentes oficiais, dos donos do poder. Queremos realmente pertencer a Araguari!

Assim, não e a cidade que desperta nosso senso de pertencimento, mas nossas relações sociais, de embates e tensões, forjando os espaços na estrutura cristalizada, chamada sociedade.

Aqui de cima tudo parece calmo, vejo uma cidade com prédios, casas, fábricas, escolas, hospitais, vejo no fundo uma ilusão!

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